domingo, 31 de outubro de 2010

Os conflitos familiares

Os conflitos fazem parte da família em virtude desta ser dinâmica e composta por teias complexas de relações entre os seus membros. A história de uma família é marcada por momentos de crescimento, de estagnação, encontro, desencontro e reconciliação.
A existência de antagonismo, por si só, não é prejudicial às famílias. Os conflitos são essenciais ao ser humano e, se bem administrados, podem promover o crescimento.
Olhando a vida através dos percursos trilhados, por entre momentos de paz e de conflito, concluo que a nossa existência lembra um riacho em busca do mar. Pelo caminho surgem pedras, barreiras e obstáculos mas, o riacho inteligente, contorna, assimila, passa por cima, passa por baixo, encontrando sempre um jeito de prosseguir até ao mar. Porquê? Porque o mar é a sua viagem final.
Assim o é para uma eficaz resolução dos conflitos. Se não vejamos: é preciso compatibilizar alguns passos a serem seguidos; conhecer e aplicar alguns saberes e, também, definir o estilo a ser adoptado; criar uma atmosfera afectiva; esclarecer as percepções; focalizar as necessidades individuais e compartilhadas; construir um poder positivo e compartilhado; olhar para o futuro e, em seguida, aprender com o passado; gerar opções de ganhos mútuos; desenvolver passos para a acção ser efectivada e; estabelecer acordos de benefício mútuo.
Em suma: o rio atingiu o mar, ou seja a sua meta, porque aprendeu a superar as dificuldades, sempre e em tudo, com uma profunda vontade de ser, crescer, servir e…amar.
E embalado pelas ondas oceânicas concluo: aceitar as diferenças com naturalidade é ter a capacidade de perceber que este mundo é de todos e que, pelo facto de não nos conseguirmos “sentar à mesma mesa” para discutirmos as diferenças, criamos julgamentos e pensamentos contrários. Quando conseguimos resolver os nossos conflitos libertamo-nos; pelo contrário, quando os levamos às últimas consequências tornamo-nos amargos e encaramo-los como factos nocivos. Assim sendo o caminho a seguir é enfrentá-los, já que lutar é não entender, julgar é achar que se é o melhor, contrariar é perder a oportunidade, fugir é perder, aceitar é resolver.
As nossas famílias, por elas e pelas suas crianças, precisam de se entender porque… precisam de ser felizes!

1 comentário:

  1. Quando se recorre a exemplos simples da vida para falar das relações, neste caso o rio que corre até ao mar, tudo parece mesmo mais fácil de entender.
    Mais importante ainda, subjacente a esta reflexão, estão:
    o reconhecimento do direito à diferença de cada um;
    a aceitação do conflito como o choque inevitável, humano, sempre que duas vontades, necessidades ou interesses se confrontam e exigem o apelo ao diálogo, à negociação, à cedência, à melhor escolha para ambas as partes.
    Estes dois desafios são, na minha opinião, o grande dilema actual da Humanidade.
    Obrigada por este espaço tão Rico e tão Humano!

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