A atividade física
regular é importante no que diz respeito ao desenvolvimento da criança,
nomeadamente em termos físicos e mentais, mas só se fizer parte do dia-a-dia de
uma forma equilibrada, respeitando a sua capacidade motora e a sua capacidade
de aprendizagem.
Infelizmente
assistimos, por vezes, a esta atividade física a ser imposta como uma obrigação
e correspondendo a um desejo dos pais em transformar os seus filhos em atletas.
A atividade desportiva
praticada pelo menos três vezes por semana, durante uma hora, produz o aumento
de uma perda calórica, melhora a capacidade aeróbica, desenvolve a massa
muscular e estimula o sistema neuro psicomotor. É, igualmente, um importante fator
de socialização.
Sob o ponto de vista
psicológico os maiores problemas de uma prática intensiva por parte da criança,
referem-se ao "stress"
competitivo, motivação, desenvolvimento da responsabilidade, autoestima,
atitudes agressivas, competitividade, desenvolvimento moral e social (Martens,
1993). Segundo este autor a atividade desportiva, nomeadamente a competitiva,
poderá revestir-se de aspetos positivos ou negativos para o desenvolvimento
psicológico, dependendo da natureza da experiência, especialmente da qualidade
da liderança oriunda dos educadores/treinadores, pais e dirigentes, do
comportamento dos pares, da personalidade e atitude das crianças.
Está hoje demonstrado
que uma boa ação desportiva deve incidir sobre parâmetros não só físicos da
pessoa mas, igualmente, sobre a capacidade cognitiva, a afetividade, a
maturidade da personalidade, a confiança em si mesmo, as relações sociais, a canalização
da agressividade...
Os valores alcançados através
da atividade desportiva como a interiorização das regras, a colaboração, a aceitação
da autoridade, a disciplina, a iniciativa, a superação de si mesmo – configuram
um conjunto de condutas positivas, construtivas e integradoras, que se
encontram presentes no sistema de valores que cada um assume para si mesmo e
com a sua maneira de ser. Além disso, estas práticas ajudam à formação da
pessoa humana na sua adaptação à vida em geral, e a assumir hierarquicamente
os valores.
Por esse motivo, o
educador/treinador responsável pela atividade desportiva deve interessar-se
pelo aperfeiçoamento da pessoa como tal. Mas, para isso, deve adequar-se à
realidade de cada indivíduo, descobrindo quais são as suas aptidões e os seus
limites.
É também necessário
que os educadores/treinadores conheçam, sobre o que Sakharov (1992) chama de
"períodos sensitivos do treino", que são os períodos etários em que
as influências específicas de treino no organismo humano provocam elevada reação
de resposta, que assegura ritmos consideráveis de crescimento em função do
treino; que tenha conhecimentos suficientes sobre a anatomia da criança; que
possua boa preparação psicológica e amplo conhecimento específico; que tenha noções
das etapas de desenvolvimento desportivo até atingir a fase adulta
competitiva; e que saiba com aproveitar as fases de desenvolvimento da criança.
A colaboração e a
presença dos pais são fundamentais, devendo existir uma sintonia entre família
e a organização da atividade desportiva.
Se assim for, vamos
adiante com a atividade desportiva.