domingo, 27 de maio de 2012

A atividade física e a criança

A atividade física regular é importante no que diz respeito ao desenvolvimento da criança, nomeadamente em termos físicos e mentais, mas só se fizer parte do dia-a-dia de uma forma equilibrada, respeitando a sua capacidade motora e a sua capacidade de aprendizagem.

Infelizmente assistimos, por vezes, a esta atividade física a ser imposta como uma obrigação e correspondendo a um desejo dos pais em transformar os seus filhos em atletas.

A atividade desportiva praticada pelo menos três vezes por semana, durante uma hora, produz o aumento de uma perda calórica, melhora a capacidade aeróbica, desenvolve a massa muscular e estimula o sistema neuro psicomotor. É, igualmente, um importante fator de socialização.

Sob o ponto de vista psicológico os maiores problemas de uma prática intensiva por parte da criança, referem-se ao "stress" competitivo, motivação, desenvolvimento da responsabilidade, autoestima, atitudes agressivas, competitividade, desenvolvimento moral e social (Martens, 1993). Segundo este autor a atividade desportiva, nomeadamente a competitiva, poderá revestir-se de aspetos positivos ou negativos para o desenvolvimento psicológico, dependendo da natureza da experiência, especialmente da qualidade da liderança oriunda dos educadores/treinadores, pais e dirigentes, do comportamento dos pares, da personalidade e atitude das crianças.

Está hoje demonstrado que uma boa ação desportiva deve incidir sobre parâmetros não só físicos da pessoa mas, igualmente, sobre a capacidade cognitiva, a afetividade, a maturidade da personalidade, a confiança em si mesmo, as relações sociais, a canalização da agressividade...

Os valores alcançados através da atividade desportiva como a interiorização das regras, a colaboração, a aceitação da autoridade, a disciplina, a iniciativa, a superação de si mesmo – configuram um conjunto de condutas positivas, construtivas e integradoras, que se encontram presentes no sistema de valores que cada um assume para si mesmo e com a sua maneira de ser. Além disso, estas práticas ajudam à formação da pessoa humana na sua adaptação à vida em geral, e a assumir hierarquicamente os valores.

Por esse motivo, o educador/treinador responsável pela atividade desportiva deve interessar-se pelo aperfeiçoamento da pessoa como tal. Mas, para isso, deve adequar-se à realidade de cada indivíduo, descobrindo quais são as suas aptidões e os seus limites.

É também necessário que os educadores/treinadores conheçam, sobre o que Sakharov (1992) chama de "períodos sensitivos do treino", que são os períodos etários em que as influências específicas de treino no organismo humano provocam elevada reação de resposta, que assegura ritmos consideráveis de crescimento em função do treino; que tenha conhecimentos suficientes sobre a anatomia da criança; que possua boa preparação psicológica e amplo conhecimento específico; que tenha noções das etapas de desenvolvimento desportivo até atingir a fase adulta competitiva; e que saiba com aproveitar as fases de desenvolvimento da criança.

A colaboração e a presença dos pais são fundamentais, devendo existir uma sintonia entre família e a organização da atividade desportiva.

Se assim for, vamos adiante com a atividade desportiva.