terça-feira, 26 de janeiro de 2021

A criança é o que ela vive


 

Aprende-se a ser feliz

 Ao longo dos anos temos vindo a perceber que o mais importante na vida não é ser mais esperto, mas sim ser feliz. Vários estudos têm demonstrado que o nosso cérebro não funciona à margem das circunstâncias e dos sentimentos. Ao educarmos as nossas crianças e jovens temos, pois, que apostar numa educação em que os pilares base sejam: amor, sorriso, limites, laços e... tempo, tempo para sermos pais e educadores, tempo para ensinarmos as nossas crianças a serem felizes. Sim: aprende-se a ser feliz.

A inclinação primária do Homem, e para a qual todos os esforços se concentram, mesmo nas situações mais adversas, é a felicidade.

O principal objetivo da felicidade é, sem dúvida, o da realização pessoal con- substanciada em dois aspetos fundamentais: encontrar-se a si próprio e ter um projeto de vida.

Tudo é aprendido. Como tal a felicidade também se aprende. A felicidade ou a infelicidade, o sucesso ou o insucesso. Se transmitirmos aos nossos filhos a ideia de que viver é algo fantástico será isso que tenderá a ficar aprendido. Se, pelo contrário, lhe transmitirmos que “a vida é um sofrimento constante”, a criança ficará e viverá com essa ideia. Se lhe transmitirmos confiança, otimismo e orgulho nos seus desempenhos, em vez de lhes lançarmos “profecias” tais como, “nunca fazes nada de jeito”, “és um irresponsável”, “a mãe do Pedro é que deve estar contente com o filho que tem”, entre tantas outras em que somos “useiros e vezeiros”, aumentamos-lhe a possibilidade de encontrarem o caminho da felicidade e... não estamos a ser negligentes face à sua educação, formação e desenvolvimento harmonioso.

Temos que estar motivados para podermos motivar, porque educar para a feli- cidade não é fácil! Todos os dias somos “bombardeados” com o que de mais negativo existe no mundo e vamos vivendo e educando transmitindo aos nossos filhos e educandos a nossa própria mensagem negativa.

As crianças necessitam de ser “acolhidas” em colos protetores pois, caso contrário, ficam mal “nutridas” efetivamente, má “nutrição” que se irá refletir ao longo da sua vida.

Por outro lado “castramos” na criança o sentido de liberdade, liberdade que nós não temos como nossa. É preciso que as nossas crianças vivam e sejam livres de forma a aprenderem a escolher e a ser, e não recuem na procura do seu próprio sentido para a vida porque, se assim fizermos, estamos a ensinar-lhes a serem felizes.

Mas temos que o fazer com entusiasmo e com alegria. Com vontade e sinceridade. Entusiasmo não é, de forma alguma, sinal de irrealismo mas sim o sinónimo de um estado de ânimo que nos mostra as possibilidades do sucesso perante os obstáculos da vida. É aqui, no entusiasmo, na vontade e na sinceridade, que reside o “segredo” para ensinar a ser feliz e a viver a vida sendo capazes de olhar as estrelas, as ondas do mar, os pássaros a cantar, a chuva a cair... em suma a vibrar com essa mesma vida.


Valores

 

Nos dias de hoje, em que a discussão e o debate se encontra centrado em torno de ideias e fundamentos de ordem política, em que a crise domina as nossas maiores preocupações, importa refletirmos acerca de se saber se a sociedade em que vivemos quer, efetivamente, envolver-se na enorme tarefa de auxiliarmos as nossas crianças a adquirirem os valores inerentes a uma vida cidadã, ativa, responsável e tolerante...

Antes de mais importa que cada um clarifique, para si e em si, os seus próprios valores, pois só assim os poderá transmitir. É importante percebermos que valores humanos universais são necessários ser sentidos para poderem ser transmitidos de forma a formar cidadãos éticos e preparados para viver em sociedade.

Na família, na escola, na sociedade são cada vez mais frequentes a indis- ciplina, a rebeldia, o envolvimento com o álcool e drogas, a violência entre iguais...

É importante que nos interroguemos sobre que valores estão a ser transmitidos às nossas crianças e aos nossos jovens.

Jean Piaget afirmou que valores são "investimentos afetivos, ligados às emoções”. Sabe-se hoje que o ambiente moral em casa e na família tem uma enorme importância na formação e educação da criança; infelizmente muitas famílias hesitam (ou desistem mesmo) em transmitir valores pensando que estão a ser moralistas ou autoritárias.

É evidente que os valores não necessitam de ser os mesmos em todas as famílias. O importante é a sua clareza; o importante é que as crianças sintam e respeitem os outros, tal qual são e com eles aprendam a ser solidários.