sábado, 23 de outubro de 2010

O Papel da família e a criança

             A família é o sistema base de todas as sociedades. É um fenómeno universal ligado à estrutura biológica do ser humano. É uma instituição que lhe permite sobreviver e desenvolver-se.
            A família tem como funções fundamentais: assegurar e promover o desenvolvimento da criança, correspondendo às suas necessidades e nas diferentes fases da sua evolução; tem a função de organizar a dinâmica familiar de forma a constituir um quadro que dê à criança estabilidade afectiva e social, na qual se estruturará a sua personalidade, canalizando e direccionando o seu desenvolvimento até à sua maturação; como grupo social tem a função de iniciar a criança nos seus papéis sociais essenciais, e garantir ao mesmo tempo a transmissão de valores e saberes de geração em geração.
            A criança nasce imatura completamente dependente sendo à família que compete a satisfação das suas necessidades fisiológicas, de afecto e segurança, adaptando as suas respostas às necessidades por ela sentidas.
A família deve organizar-se como matriz, como continuidade no desenvolvimento da criança para que esta possa prosseguir com êxito a caminhada da vida.
O sistema familiar constitui um grupo de um género muito particular, porque tem características que lhe são impostas pelas diferenças sexuais dos seus elementos e papéis que lhe estão destinados. A célula familiar é composta gerações na qual cada elemento tem as suas necessidades, inicialmente cresceram em duas famílias diferentes e fundiram-se numa nova e única célula, a qual também difere da família de origem, exigindo maleabilidade da parte de ambos. Os dois sexos são educados para se completarem nas tarefas que desempenham, na sua relação amorosa e na educação dos filhos.
            Normalmente os casais dependem um do outro, mas os filhos dependem dos pais. É de extrema importância todo o ambiente que envolve a família, a forma como os pais se relacionam entre si e com a criança, como desempenham os seus papéis e os representam, porque é a partir da qualidade afectiva dessa relação que a criança vai organizando e estruturando a sua personalidade. Os pais são os primeiros objectos de afeição e amor por parte dos filhos, assim a sua relação deve constituir uma coligação coerente e bem sucedida pois é com eles que a criança se identifica não só porque são adultos e estão próximos, mas pelos laços que estabelecem e pela forma como se dão.
Segundo Meltzer (1986) «as funções básicas de uma família são: gerar o amor, promover a esperança, conter os sentimentos depressivos e organizar o pensamento.»
Contudo, sabemos que hoje existem famílias em que essas funções não são asseguradas. Nem sempre os elementos de um sistema familiar se articulam, interagem e se organizam desempenhando os ajustadamente as funções ou papéis que à partida lhe estavam destinados.
Há também famílias que optam por padrões confusos de relações entre pais-filhos, em que os primeiros se demitem das suas funções, contribuindo assim para a não diferenciação das duas gerações e conduzindo a uma ausência de modelos para a criança.
Perante situações como as que acabámos de descrever, encontramos crianças a viver no vazio de um universo de relações, à procura de uma identidade própria, sem vontade de aprender, sem vontade de crescer. Podemos assim concluir que uma criança existe em função da sua família e tudo começa antes do nascimento, depois é alimentar, sustentar o amor que se constrói num primeiro momento, fortalecendo-o em cada marca da sua evolução e ao longo das diferentes etapas do seu desenvolvimento.
            Falando de emoções, Pedro Strecth (1995) diz-nos que «as emoções com os afectos devem ser a base de toda a aprendizagem. É que as coisas são primeiro investidas, só depois intuídas e finalmente percebidas. Aprenderá, quem estiver afectiva e sentimentalmente estimulado». 

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