sábado, 30 de outubro de 2010

Jogar é Aprender

Nenhuma outra actividade é tão tipicamente infantil como o jogo: as crianças jogam em todas as idades e em todas as culturas. Ele é para a criança o seu meio privilegiado para se exprimir, sendo a sua forma de estar no mundo, de testar, de desenvolver e afirmar a sua personalidade. A criança joga para se divertir. Jogando elabora o seu desenvolvimento em direcção à felicidade, feita de alegria de viver e de conviver com os outros.

Jogando aprende e fá-lo através de um conjunto de processos mentais complexos. Tomando como ideia base que a aprendizagem implica o processamento de um conjunto de informações e se desenrola num tempo, que passa por diversas fases que correspondem à activação de diferentes processos mentais e que são sustentados por diversas estruturas, podemos afirmar que jogando a criança desenvolve em pleno estas mesmas estruturas.

Por outro lado e se analisarmos as diferentes características da memória (memória a curto termo, memória a longo termo), poderemos igualmente concluir que o jogo, permitido um sucessão de imagens auditivas, visuais e/ou gestuais, contribui para a, digamos, "sobrevivência" de um grande número de informações na primeira daquelas memórias e por conseguinte a um "armazenamento" também elevado na memória a longo termo. Ora é nesta passagem de uma memória para a outra que se encontra o aspecto mais decisivo de todo o processo de aprendizagem, porque é ele que permite que a nova informação seja utilizada em situações futuras. 

Para o educador, o jogo é o melhor meio de formação e o melhor veículo para favorecer a maturação de capacidades fisiológicas e sensoriais possibilitando o desenvolvimento cognitivo, nos seus mais variados aspectos: observação, atenção, memória, vocabulário, imaginação...

No jogo, o educador está tão implicado quanto a criança, já que as actividades do grupo que joga, o implicam directamente. Se não vejamos:

·        Por que o educador é um elemento do grupo, compete-lhe motivar, orientar, explorando a criatividade e a imaginação;

·        Varia e adapta, consoante os interesses, as necessidades e a evolução do grupo;

·        Planifica as actividades considerando os interesses do grupo;

·        Convida à reflexão e discussão sobre descobertas e vivências;

·        Avalia da sua própria actuação, da do grupo e de cada um;

·        Evita impor a sua organização de adulto aprendendo "as regras de jogo" estabelecidas pela criança;

·        Incita e aplaude os resultados dos esforços para alcançar o melhor.

O educador levará assim a criança à descoberta de si própria, do meio que a rodeia e ainda a uma noção de grupo e de trabalho de equipa, ou seja a uma personalização e a uma socialização.

O educador deverá aceitar a experiência do gozo, ou seja, o atributo do prazer. Está onde o jogo surge livremente, ou seja, a sua acção passa por um triângulo cujos vértices seriam a alegria, o prazer e o bem-estar.

         Sabendo e pondo tudo isto em prática, pedagogos como Claparede, Frobel, Decroly e Montessori, para citar quatro nomes ilustres, estruturaram a escola de molde a que a criança nela vivesse em situação de jogo.

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