sábado, 9 de outubro de 2010

Afectividade e Aprendizagem (II)

No que diz respeito ao ensino/aprendizagem sabe-se que uma boa afectividade no ambiente escolar contribui para o sucesso educativo. A relação professor/aluno deve ser a mais próxima possível e baseada na partilha de sentimentos e respeito mútuo. É, a nosso ver, fundamental que o professor crie vínculos com o aluno e, para isso, deve tratá-lo de forma individual e afectiva sendo imprescindível que o veja como um ser individual, pensante, que constrói o seu mundo, o seu espaço, o seu conhecimento, a sua afectividade, as suas percepções, a sua expressão, a sua crítica, a sua imaginação, os seus sentidos...
É importante destacar que a afectividade não acontece somente por contacto físico; discutir as capacidades do aluno, elogiar o seu trabalho, reconhecer o seu esforço e motivá-lo, constituem formas cognitivas de ligação afectiva. O olhar do professor, (nós olhamos muito pouco “olhos nos olhos” das nossas crianças), é indispensável para a construção e para o sucesso da aprendizagem, como o é o dar credibilidade às opiniões, valorizar as sugestões, observar e acompanhar o desenvolvimento, bem como o estar disponível para conversas mútuas conversas. Há que ter presente que as relações professor/aluno são uma interacção entre pessoas pelo que o afecto deve estar presente.
As aprendizagens não serão aprendizagens de sucesso sem que tenham como suporte a afectividade. Para que o aluno (ou qualquer um de nós) aprenda é necessário que se disponibilize para tal: “eu desejo aprender”, “gosto de aprender”, “estou disponível para aprender”; “tenho interesse”, “tenho prazer em aprender”, “ fico feliz quando aprendo algo novo”... Sem essa predisposição afectiva, dificilmente alguém aprenderá, efectivamente, alguma coisa.
A afectividade entre pais e filhos cresce ao longo do tempo e através do envolvimento que ambos vão tendo no dia-a-dia. Hoje em dia, e face à “correria” desenfreada da vida actual, as relações entre pais e filhos são menos frequentes. No entanto, pode-se apostar na qualidade dos momentos em que estão juntos para valorizar essas mesmas relações.
Há atitudes que poderão auxiliar na formação de uma boa vinculação afectiva.
Por exemplo, ao chegar do trabalho, os pais podem conversar com os filhos, mostrando-lhes que, mesmo não estando presentes ao longo do dia, se preocupam com as coisas das suas vidas. É importante que conversem, trocando informações de como foi o dia de cada um, o que sentiram ao ficarem afastados, etc. Estes momentos são importantes como forma de comprovar a atenção e o carinho. Demonstrar interesse pelas suas actividades, nomeadamente as escolares, é uma forma de aproximação (mas este interesse não pode ser um interesse “inquisitório”), bem como de se sentirem acompanhados e seguros de que alguém se preocupa com eles.
É fundamental que os pais valorizem as qualidades dos seus filhos já que essa atitude promove as relações afectivas. A criança ou jovem que recebe elogios fica com a sua auto-estima elevada, sentem-se mais capacitados e seguros para realizar suas actividades.
Uma outra forma de se estar “junto” é o compartilhar as actividades domésticas. Os pais poderão pedir que os filhos os ajudem naquelas actividades ou então que fiquem junto de si para que vão conversando enquanto trabalham. Os momentos na cozinha, por exemplo, podem contribuir para reforçar as relações entre todos os familiares. À mesa, poderão compartilhar momentos de prazer, com conversas agradáveis e produtivas.
Devem, igualmente, encontrar “tempos” para passear (nem que seja apenas ao jardim ao lado), contemplar a natureza, visitar uma exposição, ira ao teatro, ao cinema ou, simplesmente, irem em conjunto comprar pipocas. O importante é que os pais consigam demonstrar aos filhos o quanto os amam mesmo não estando perto deles.
A afectividade, o companheirismo e a comunicação aberta entre pais e filhos, devem fazer parte do crescimento das crianças, já que as auxiliará a encararem, com tranquilidade, a sua integração no mundo adulto.

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