terça-feira, 26 de outubro de 2010

O mau-trato entre iguais - “bullying"(I)

Todos os dias alunos em todo o mundo sofrem de um tipo de violência que, muitas vezes, vem mascarada sob a forma de “brincadeira”. Este tipo de “brincadeira” era, até há bem pouco tempo, considerado inofensivo e, por isso, não valorizado por professores, educadores e pais. Hoje, e graças a estudos ainda recentes, sabe-se que estes comportamentos podem trazer sérias consequências para o desenvolvimento psíquico das crianças e jovens, podendo gerar uma baixa auto-estima ou, nos casos mais graves, podem mesmo conduzir ao suicídio. (Há estudos que permitiram verificar que, nos últimos anos, aproximadamente 60% dos jovens na faixa etária entre os 14 a 19 anos de idade foram vítimas de algum tipo de violência na escola).
Esta violência é designada por “mau-trato entre iguais” ou, utilizando o termo inglês, “bullying”, e diz respeito a atitudes agressivas, intencionais, sem motivação aparente, repetidas e praticadas por um ou mais alunos contra outro, sendo uma forma de afirmação de poder interpessoal através da agressão, seja esta física ou psíquica.
Este mau-trato tem consequências negativas, imediatas e tardias, sobre todos os envolvidos: vítimas, agressores ou simplesmente observadores Estas consequências variam consoante a idade e o desenvolvimento físico e emocional de cada um dos envolvidos.
As vítimas são as crianças e jovens que, frequentemente, são ameaçadas, intimidadas, isoladas, ofendidas, discriminadas, agredidas, a quem chamam “nomes” ou colocam alcunhas, que são provocadas, que vêem os seus objectos pessoais roubados ou destruídos. Normalmente mostram-se tímidas, com receio de ir para escola, não procurando ajuda por sentirem que ninguém as defende, ou por medo de represálias. Podem ter baixo rendimento escolar, ficarem deprimidas, ansiosas, terem dificuldades para dormir e pesadelos, encetar fugas, etc.
Os agressores são crianças e jovens que, normalmente, aprenderam a usar o comportamento agressivo para resolver os seus problemas com os adultos de referência; apresentam comportamentos de intimidação e de provocação permanentes; acham que todos devem atender de imediato aos seus desejos; demonstram dificuldades de se colocar no lugar do outro; apresentam dificuldades de relacionamento, sendo inseguros e; reagem mal à pressão do momento.
Os observadores são as crianças e jovens que vêem, constantemente, as situações deste mau-trato, tornando-se inseguras e temerosas. Os observadores raramente contam as suas impressões face ao mau-trato por receio de se tornarem alvo deste ou, simplesmente, por terem sido ignorados pelos adultos nas tentativas que fizeram para falar do que observaram.

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