segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

“Dentinho dentão”

“Ama-se na medida em que se busca comunicação, integração a partir da comunicação com os demais (Freire)

Ao “meu mais novo” caiu-lhe há dias um dente de leite. Foi uma festa! O rapaz ficou feliz da vida e, ao princípio, não sabia muito bem se havia de chorar ou rir tanta era a alegria. A festa continuou à tardinha quando chegou da escola e na manhã seguinte com o presente da “fada dos dentes”. Durante o dia, na escola, penso que ninguém reparou no “feito”. Foi pena. Não custava nada um “palavra afectiva” sobre o momento “super importante” na vida do “mais novo”.

O afecto é uma das ferramentas do acto de educar. Poder-se-á dizer que, a inclusão ou não do afecto no processo educativo definirá se a sala de aula funcionará como espaço de verdadeira aprendizagem ou como espaço para apenas fazer e concluir os níveis educacionais. Ter boas notas não quer dizer que o processo educativo decorreu de uma forma afectiva. E sem esta componente dificilmente a criança e o jovem aluno, estará em condições de participar na transformação do mundo ou de evoluir como ser humano.

Voltando ao “mais novo”: não era preciso tratá-lo com beijos, abraços ou procurar agradar-lhe. O que a escola precisa de fazer é, muitas vezes, “acordar” e tomar atitudes que a levem a sair da indiferença, porque essa “indiferença” é, justamente, a falta de afectividade.

Os educadores/professores não podem deixar de sentir o que acontece à sua volta, pois a capacidade de sentir torna-os seres privilegiados e com capacidade de transformar o mundo. Neste sentir há que perceber que não se pode ensinar pensando apenas na cabeça da criança já que o coração também é importante. É necessário que a escola se comprometa não apenas com o desenvolvimento cognitivo mas, principalmente, com o desenvolvimento sócio emocional.

O ensino é relacional e cada parte do processo é responsável pelo seu sucesso ou fracasso: professor, escola, meio social, aluno. A afectividade promove o respeito às diferenças, a motivação, o saber ouvir, o elogiar e o cumprimento dos objectivos com responsabilidade.

A afectividade é necessária na formação de pessoas felizes, éticas, seguras e capazes de conviver com e no mundo que as cercas. A escola tem que saber ouvir, valorizar e acreditar no aluno, dando abertura para a sua expressão.

Uma educação que não aborde as emoções na sala de aula traz prejuízos para a acção pedagógica, pois pode atingir não só o professor, mas também o aluno.
Os pais direi que é científico que a falta de afecto pode deixar marcas nas crianças para toda a vida marcas que podem incluir alterações psicológicas, psiquiátricas, neurológicas, imunológicas ou hormonais. Deixar, sistematicamente, de dar um abraço, recusar beijos, evitar um carinho, pode deixar marcas para toda a vida.

Ao meu “mais novo direi”: “Quanto o pai tinha a tua idade também me caíram os dentes. Sempre que me caía um, mandava-o par cima do telhado e dizia «dentinho, dentão, toma lá um podre dá cá outro são». Beijos filho”.

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