A forma como a criança é acompanhada no período pós horário escolar é um dos factores determinantes para o rendimento escolar.
Efectivamente os tempos livres das crianças, deverão ser encarados como uma perspectiva necessária ao real desenvolvimento da criança. Sem tempos livres organizados de acordo com os interesses das crianças, o sucesso fica ainda mais longe para crianças de classes sociais desfavorecidas.
Os tempos livres devem ser um espaço intermédio entre a escola e a família e não substituto de nenhum deles e onde a criança brinca, joga, corre, organiza grupos e actividades diversas. Esta actividade lúdica é fundamental para o seu crescimento, para sua aprendizagem e para o desenvolvimento da sua socialização.
Os tempos livres e portanto o brincar e o jogar, poderão em grande parte sublimar determinadas carências sociais e afectivas já que não são actividades secundárias. Jogar é a grande actividade da infância, na qual se deve reconhecer a sua dignidade e valor. O jogo ajuda a criança a construir a sua personalidade, mobilizando todos os seus recursos. Assim sendo tem que ser considerado como factor de desenvolvimento.
A principal riqueza dos tempos livres prende-se, em nossa opinião, com a oportunidade que as crianças deverão ter em os gerir de acordo com os seus interesses, necessidades e grau de desenvolvimento e onde o adulto surja como elemento de apoio, não intervindo directamente na vida "real" do grupo, sob pena de condicionar a sua vivência e não a deixando evoluir em termos de uma socialização correcta.
Os princípios orientadores dos tempos livres, levam-nos a concluir que permitem a liberdade e a criatividade, através da realização de actividades que fomentem o desenvolvimento psicológico e social, ajudando simultaneamente a criança a compreender e a conhecer as coisas e as pessoas que a rodeia, ao mesmo tempo que lhe permite canalizar a sua agressividade e a exteriorização de temores e desejos, favorecendo a capacidade de simbolizar, representar e inventar papéis.
Pensam em sentido contrário ao desenvolvimento harmonioso da criança, aqueles que introduziram nos horários pós escolares as denominadas “actividades de enriquecimento curricular”, já que a estas lhes falta uma proposta educacional pautada pelo respeito pela criança, onde seja tratada como um indivíduo livre, pensante, capaz, criativo, crítico, descobridor de seu espaço, ousando sempre novas descobertas, construindo os seus valores, interagindo com o seu meio ambiente, modificando-o e agindo na leveza do ser - do ser-sonho, ser-magia, ser-criação.
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