Inicio, com esta mensagem, um conjunto de cinco apontamentos sobre este tema, que me parece de grande importância face ao desenvolvimento harmonioso da criança e que é, em meu entender, uma alternativa válida às designadas AECs.
" A Joaninha escreveu aos amigos:
- IMPORTANTE - Haverá reunião do CLUBE amanhã às 10 horas da manhã, na arrecadação ao fundo do nosso jardim. É preciso saberem a palavra senha para entrarem."(In Livro de Leitura 3º ano de escolaridade)
Reafirma o projecto que defendemos, ao qual chamaremos Clube de Aventuras, a importância do brincar definido pela Associação Internacional para o Direito a Brincar ou seja que " brincar, a par das necessidades de nutrição, é uma actividade fundamental para o desenvolvimento das capacidades potenciais de todas as crianças"; que "brincar é um acto instintivo voluntário e espontâneo. É uma actividade natural e exploratória"; que " brincar é comunicação e expressão, associando pensamento e acção, dá prazer e sentimento de realização"; que " brincar abarca todos os aspectos da vida"; que "brincar ajuda as crianças no seu desenvolvimento físico, mental, emocional e social"; e que "brincar é um meio de aprender a viver e não um mero passatempo". (1982)
Quer-se que no Clube de Aventuras não se sinta a omnipresença da escola e do sistema formal a si associado, mas sim que exista lugar para a libertação de energias e aproveitamento das capacidades criativas. Igualmente se quer que as vivências diárias tenham a ver com os aprenderes da vida - o eu/tu/nós, a separação/ individualização, a autonomia, a auto-estima e a hetero-estima, facilitando assim os aprenderes da escola.
Pretende-se que o Clube de Aventuras possibilite uma intervenção sócio-educativa dinâmica, aberta à comunidade e de relevante interesse pedagógico e cultural, sendo um espaço libertador-criativo e comunicacional, possibilitando minorar a situação de risco social para as crianças, actuando junto das famílias, das escolas e espaços associativos locais, numa envolvência comunitária global e assente numa dimensão relacional promotora de desenvolvimento, possibilitando um acolhimento, um suporte, uma contenção, uma organização e uma estimulação adequados.
Esta pretensão assenta essencialmente em três princípios fundamentais a saber:
1. O jogo, a arte e a cultura são manifestações naturais ao Homem, definem a sua essencialidade e devem inserir-se globalmente na formação integral permitindo a expansão e evolução das suas capacidades criativas.
2. O direito ao jogo, à arte e à cultura assenta numa dinâmica diversificada, comum a todos os saberes.
3. É brincando com o real imaginário que se realizam os produtos da imaginação e se chega à criação.
Procurar-se-á assim no Clube de Aventuras, oferecer uma realidade e um percurso lúdico que permita:
- Atrair para as linguagens expressivas;
- Estimular a imaginação;
- Valorizar os processos criativos.
Pretende-se que este percurso lúdico contribua de forma decisiva como um apoio a carências afectivas, psicológicas e até didácticas, tantas vezes as verdadeiras carências que conduzem à marginalização e à exclusão social.
Face ao exposto serão objectivos principais do Clube de Aventuras:
· Proporcionar à criança momentos de diversão contribuindo para os seus equilíbrio emocional e aquisição de novos conhecimentos;
Possibilitar momentos de actividades lúdico-expressivas;
Desenvolver a criatividade e o gosto pelas expressões;
Facilitar um maior número de experiências à criança, pela utilização dos mais variados materiais, de modo a contribuir para o desenvolvimento da sua sensibilidade, imaginação e sentido estético;
Rentabilizar espaços existentes;
· Proporcionar às crianças e jovens uma animação dos seus tempos livres duma forma criativa e educativa;
· Proporcionar às crianças oportunidades de realização pessoal, através de actividades livres do seu agrado;
· Fomentar o espírito de iniciativa pessoal e de grupo, a capacidade criativa, crítica, o sentido de responsabilidade de planificação e organização;
· Proporcionar às crianças experiências de gestão das suas actividades, bem como intervenção no meio onde vivem;
· Proporcionar mudanças de ambiente, contacto com a natureza aliada à descoberta do meio.
No Clube de Aventuras a criança tem oportunidade de aprender a servir-se dos objectos reais, a manipulá-los, a jogar com eles, a inventar-lhes utilizações diversas, experimentar o olhar, o ouvido, a aproximação, o tocar, que lhe permitirá um crescimento em harmonia; aprende igualmente a jogar improvisando de uma forma individual e progressiva até conseguir o senso de grupo.
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