sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Projecto educacional para actividades de tempos livres das crianças (II)

            A criança em idade escolar gosta de viver em aventura. Quando em grupo espontâneo (educação informal) cria os seus próprios clubes, que têm características próprias como senha e contra-senha, símbolos, espaços de encontro...
            No Clube de Aventuras, tenta-se que a criança viva ao máximo tendo por base essa estrutura de clube espontâneo. Para isso transferiu-se para o espaço de actividades de tempos livres aquelas características.                                                                                                                                                                   
As crianças agrupam-se livremente; organizam um pequeno espaço para o seu grupo, o chamado "cantinho" ou "cabana"; neste cantinho ou cabana passam a ter tudo o que lhe diz respeito como por exemplo, pequenos " tesouros", jogos, brinquedos, livros, "documentos secretos", bandeira, símbolo de grupo; compõem  uma canção como "hino" do clube; escolhem a senha e a contra-senha; decoram o espaço à sua maneira e ao seu gosto; escolhem um nome para o seu grupo e igualmente para o Clube. (A ideia presente é a de que a criança só realiza aprendizagens, quando se apropria de algo, tornando esse algo como seu).
            Elaboram um "livro" onde diariamente registam as suas principais aventuras e os seus "recordes"; também, diariamente, e por vezes varias vezes durante o dia, consoante a actividade que desenvolvem, escolhem os seus "chefes" de grupo; estes chefes de grupo reúnem com os educadores a quando de aventuras que envolvam o chamado grande grupo ou seja, a junção de todos os pequenos grupos, reunião que serve para que, entre eles, decidam as tarefas que, naquela aventura, cada grupo terá de desempenhar.
            No Clube de Aventuras, existem igualmente oficinas onde as crianças, de acordo com a aventura que estão a viver, realizam as suas brincadeiras que poderão ir desde os brinquedos em barro, madeira, recuperação de brinquedos, construção de fantoches, instrumentos musicais rudimentares e outros.                                                        
            A aventura desportiva está igualmente presente e os diferentes grupos, realizam regularmente entre si os seus "torneios" e as suas corridas.
            E porque outros Clubes de Aventuras existem por perto, realizam igualmente actividades de intercâmbio e conjuntas, de onde se salienta as que se passam no campo, os chamados dias de campo, acampamentos, festas e aventuras desportivas.
            É a interacção com o que nos rodeia que está presente neste modelo, a par do conceito de que no processo de aprendizagem tem que estar a ideia de troca e de satisfação pelo que se está a fazer.
            Nestas actividades, para que a vivência em grupo tenha uma sequência harmoniosa, torna-se necessário que as actividades estejam ligadas a um projecto de base, não surgem por acaso desenvolvendo-se actividades pelas actividades ou acções isoladas. É o chamado projecto de animação socioeducativa.
            Para a concretização de forma global das actividades, estas são enquadradas num tema geral ou outros que, atendendo aos seus valores educativos, venham a existir.
            A sugestão de um tema, por parte do educador/animador ou surgindo das crianças e a sua exploração, constituem um meio de motivação favorável à criatividade e à expressão, não só pelo amplo campo de acção que oferece como também pelos objectivos específicos que estabelece; é fundamental que um tema vise sempre a criança, que promova a liberdade de expressão, de comunicabilidade, o senso de responsabilidade e motive o senso criativo. Interessa que a finalidade da actividade desenvolvida através do tema, esteja centrada na criança e não em qualquer técnica específica a atingir; um tema deverá permitir uma boa integração da criança nos seus hábitos individuais e nos do grupo em que actua; vivendo todas as nuances do tema, a criança criará um mundo seu ao qual se entregará totalmente;
            No entanto o tema só por si não funcionará, necessitando de uma motivação adequada.
Por um narcisismo involuntário, o educador/animador pode ter, por vezes, o desejo de tentar encaminhar a criança através de demasiada motivação ou motivação inadequada, para um modelo da sua própria concepção, procurando inconscientemente que ela exprima o que ele, educador/animador, deseja exprimir, colocando a criança numa posição que julga que a satisfaz mas que de facto apenas o satisfaz a ele. Há pois, que estar atento, para que o educador/animador não seja um elemento perturbador de toda a espontaneidade original da criança.

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