terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Projecto educacional para actividades de tempos livres das crianças (IV)

            A flexibilidade do Clube de Aventuras torna-o um espaço privilegiado de socialização e assenta grande parte da sua intervenção em torno das funções lúdica, educativa, social, pedagógica, cultural e preventiva.
            Relativamente à função lúdica, valoriza-se o jogo na vida da criança, o brincar pelo prazer de brincar ou seja, o brincar para viver a infância, havendo tempo e espaço adaptados às suas verdadeiras necessidades; a função educativa tem por base a transmissão de valores tais como os de partilha, de respeito mútuo e o de cooperação, ao mesmo tempo que, pelo propiciar de um clima de satisfação, favorece-se a aprendizagem afectiva, cognitiva e social, protegendo-se e defendendo-se no entanto, a verdadeira satisfação lúdica; a função social é favorecida pelo facto de que, a criança ao brincar com outras, adquirir e partilhar novos conhecimentos, desenvolver relacionamentos significativos, confrontar as suas ideias e opiniões, aprendendo assim a aceitar outros pontos de vista. Pelo surgimento de um clima de confiança inerente à actividade lúdica, a criança constrói interacções sãs e benéficas para a sua vida actual e futura; a função pedagógica, desenvolvida pelo Clube de Aventuras, parte da ideia de que é importante auxiliar a criança através da actividade lúdica, de forma a suprir condições difíceis e falhas pedagógicas a que foi exposta ao longo do seu desenvolvimento. A actividade lúdica desenvolve-se num contexto de liberdade, proporcionando à criança uma aprendizagem ao nível da vivência com outras e da comunicação com os adultos, levando-a a reconciliar-se com o prazer de aprender sem a pressão escolar, descobrindo a autoconfiança a qual lhe vai permitir, a curto prazo, abordar os conhecimentos transmitidos na escola; a função cultural conseguida através da actividade lúdica desenvolvida no Clube de Aventuras, vem de encontro ao conceito de cultura ou seja: cultura é a maneira de pensar e de agir de uma sociedade, sendo o jogar e o brincar o veículo fundamental para a transmissão dos valores culturais; a função preventiva é igualmente conseguida já que a criança cresce no seio do grupo, apoiando-se nele, vivendo ao seu próprio ritmo, retirada de ambientes nefastos e “marginalizantes”.
            Pensamos que esta forma quase "natural" de a criança viver os seus tempos livres, sem sair do seu mundo de criança, sem que ande numa correria louca de um lado para o outro, do inglês para a natação, desta para a ginástica ou para o ballet, contribuirá para que viva mais feliz, cresça saudável, desenvolva a criatividade, a imaginação, a autonomia e a auto-estima e, consequentemente, faça uma boa aprendizagem.

                               O Sérgio tinha "coisas e coisinhas,      
                               bocados de cordéis, rolhas, papéis 
                               velhos, caricas, trapos, «porcarias»
                               várias ... Guardava tudo nos bolsos
                               sempre na esperança de os juntar em
                               algum sítio para fazer um tesouro."
SANTOS (1991, p.209 )

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