segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Projecto educacional para actividades de tempos livres das crianças (III)

            É através da motivação que o educador põe em acção todas as capacidades da criança. Para uma boa motivação é necessário um conhecimento perfeito da criança e dos meios de que se dispõe, devendo o educador/animador ser possuidor de uma boa criatividade que lhe permita motivações interessantes, atraentes e variadas.
A motivação depende essencialmente das necessidades e interesses da criança e estes, embora possuindo uma raiz que se mantém, variam de idade para idade e de criança para criança. Experiências realizadas levaram às seguintes conclusões:
·        cada criança possui um estilo pessoal;
·        a escolha de actividades por parte da criança dependem do meio em que está inserida;
·        a participação estreita gradualmente o sistema de relações individuais;
·        a actividade  evolui progressivamente com a introdução de  novos elementos.
Quanto às formas de motivação postas em prática no Clube de Aventuras assentam em três aspectos:
1        - Motivação Espontânea - quando o educador aproveita qualquer acto espontâneo da criança como elemento motivador.
                          Exemplos:
-         Uma criança refere que gostava de fazer determinado jogo e  o mesmo é feito;
-         Uma criança vem a trautear uma canção; o educador sugere que todas as outras a cantem e até dancem;
-         Uma criança trás de casa uma gravata e um chapéu velhos; o educador aproveita para “tematizar” um jogo dramático;
2        - Motivação Procurada - em conversa com as crianças, o educador procura saber de alguma observação nova que recentemente as tenha impressionado, para a seguir pôr nas diferentes actividades essa mesma observação ou algo baseado;
3         - Motivação Preparada - o educador tem já preparado de antemão o material de motivação, que pode ser diverso, desde um conto, uma história dramatizada, uma projecção de cinema...

Em termos de planificação dos diferentes temas/actividades têm-se em consideração metodologias de trabalho de projecto a saber:                          
                        1. Ser considerado importante por cada participante;
                        2. Permitir novas vivências tanto a nível individual como de grupo;
                        3. Poder ser desenvolvido tendo em conta o meio social e cultural.

            Para além disto, devem poder ser concluídas ou resolvidas no tempo que o grupo dispõe, bem como, a disponibilidade económica do Clube de Aventuras. Assim as principais metas a considerar são:
                        1. Escolha do tema/actividade;
                        2. Escolha e definição dos subtemas/actividades;
                        3. Organização e planificação do trabalho;
                        4. Recolha da informação/dados/materiais;
                        5. Ponto da situação;
                        6. Preparação/acção;
                        7. Apresentação dos trabalhos;
                        8. Avaliação - Controle; Avaliação – Análise
            Nestas etapas existem espaços de participação, negociação, consensualidade e comprometimento. São igualmente balizadas as margens de desvio que se aceitam. O educador intervém como moderador.
No Clube de Aventuras o papel do educador/animador é  activo sem que para isso   seja o "mandante" das actividades e sem que tenha que ter uma constante obsessão educativa. Está isso sim atento a essa educação, mantendo a sua acção educativa numa linha mediana sem cair nos extremos: o autoritarismo e a liberdade total ou anarquia.
O educador raramente intervém no grupo e quando o faz, fá-lo para estimular, ajudar, guiar e não impor, tendo presente o mundo do "faz -de- conta" e igualmente a ideia de que, as cargas afectivas conflituosas, pressupõem negociação a qual dá origem à progressão no caminho da descoberta do mundo.
            Quer isto dizer que  o seu estatuto, a sua autoridade e o seu poder, não significam uma imposição sobre a criança através  de uma atitude de respeito unilateral que restrinja a espontaneidade, a liberdade de expressão e de criação; e igualmente, que sob o pretexto de evitar frustrar a criança a deixe completamente ao abandono, entregue a si própria, sem  qualquer orientação mínima, flutuando de uma actividade para a outra sem aprofundar ou terminar alguma.

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