segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Crescer e aprender

         Desde os primeiros momentos, a tarefa de cada um será dar um sentido à vida, sentindo num mundo à altura, razões que dêem alento remetendo para um projecto, com percalços inevitavelmente, períodos críticos, sensíveis onde o encontro/desencontro, fará a síntese da história pessoal de cada ser (o encontro com o passado/ presente/ futuro) de um crescimento em direcção a... Com tudo o que se foi, é e será experienciado, pensado e projectado...
         No início da história de cada um, o primeiro modelo é a mãe ou uma figura materna, suficientemente “boa e consistente” que irá colar ao bebé as características que gostaria que ele tivesse, são “os olhos da mãe,” que dão uma identidade, um sentido...
          Depois o tempo e a interacção, afectiva e cognitiva, que se estabelece entre os dois, permiti-lhes um vínculo e também no bebé a criação de uma base segura. A mãe vai introduzindo a distância, a tolerância à frustração, que paralelamente às suas vivências sensório - motoras que lhe irão proporcionar um caminho de separação e de individualização, será a fase da confiança básica versus desconfiança, ou seja o bebé confia na mãe mas também em si mesmo, porque vê confirmadas as suas expectativas, sendo o nascimento da esperança, em dar um sentido ao “vazio."
         Quando explora o mundo dos objectos, quando conhece os pais por dentro, ganhando o pai um valor incontestável, porque interage com ele e mostra-lhe um mundo mais alargado. As formas como os pais desenvolvem o seu modelo parental, será de extraordinária importância, quer no modo como são coerentes quer na forma como valorizam e estabelecem limites, pois estando a criança na fase anal, o sim e o não, a sua possibilidade de controlar-se dentro de um campo de escolhas, induzirá ao aparecimento da vontade e também da dúvida...será que os pais vão aceitar... gostar? Este momento será o da autonomia versus dúvida, quando bem alicerçada será o espaço daqueles que irão crescer, daqueles que darão espaço a si e aos outros...
         Vão existir sempre dois movimentos, o ser igual e ser diferente, identificando-se com os modelos parentais, construindo ao mesmo tempo a sua identidade. Estes momentos poderão por vezes ser difíceis, porém através do jogo simbólico e de outros meios de expressão, o prazer em estar com os outros (pais e pares) irão ajudar a superar este período de iniciativa versus culpa, devolvendo-lhe uma auto-estima coesa, nascendo neste momento, a coragem, conciliando o seu mundo interno com o externo, aparecendo por vezes o objecto transicional, que irá ajudar na transição, no salto para o outro lado...
         O outro lado, é o mundo mais alargado, a escola, onde não será propriamente a criança que irá ser valorizada mas as suas produções, como que num flash, ela fará agora a integração dos primeiros momentos e dos outros que se seguiram, equacionará este novo mundo com o Anterior, confirmando ou subvertendo o passado... Se o caminho foi natural, se a confiança básica, a esperança e a vontade foram espaços nela vividos, então o mundo da escola será uma aventura com a curiosidade inerente, a vontade de conhecer ao mesmo tempo de crescer. Se tudo isto não aconteceu, quer do lado da família quer da disponibilidade da escola, então o projecto de crescimento e aprendizagem, pode ficar comprometido.
         Partindo do princípio, que a escola confirma as experiências positivas do passado, proporcionando o professor modelos intermediários, ora centrípetos ora centrífugos conforme a situação, a criança desenvolverá a competência para elaborar as aprendizagens, para querer aprender e crescer, em vez de ficar voltada para si, de costas para o mundo... A forma como a família, a escolha, os amigos, interagem é significativa, pois são os seus modelos de funcionamento, que irão permitir, a manifestação de um percurso mais ou menos calmo, mais ou menos tumultuoso.

Sem comentários:

Enviar um comentário