quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A criança, os outros, o conhecimento…(II)

No que respeita ao desenvolvimento social é nesta altura que há uma vida social muito intensa. Neste período as crianças agrupam-se muito por idades e mais tarde separam por sexos.
Interessante é verificarmos a sua evolução em termos da sua participação no jogo. Pelos 6 anos, não suporta perder ao jogo, chegando inclusivamente, se necessário, a fazer trapaça para ganhar; um ano mais tarde já aprendeu a perder, mas tem ainda que ficar no final a ganhar; aos 8 anos participa melhor no jogo, com mais cooperação, com menos insistência em levar a sua avante; é no entanto pelos 9 anos que aparece a autêntica actividade cooperativa: o bando ou o clube é uma coisa importante, podendo subordinar os seus próprios interesses e exigências à necessidade de se entender bem com o grupo, procurando estar à altura das suas normas e critica aqueles que não procedem assim.
Ao nível das brincadeiras de grupo, especialmente brincadeiras imaginativas, como às mães e aos pais e às compras que são habituais nas crianças com 6 /7 anos; pelos 8 anos começa a ser capaz de aceitar as regras ou linhas de orientação simples, sendo igualmente capaz de participar na organização de clubes de crianças, com designações e senhas secretas, mas de duração temporária; a partir dos 9/10 anos muitas crianças pertencem a alguma espécie de clube, gostando de agir e competir como tal e de onde excluem rigorosamente os não membros.
As experiências que a criança faz no grupo vão prepará-la para a vida social; vai evoluindo o seu crescimento mental e construindo o equilíbrio futuro. É na relação entre pares que se vai afirmando a respectiva personalidade; a criança vai tendo noção dos seus direitos; percebendo as rivalidades entre grupos; desenvolvendo a ajuda mútua; partilhando materiais; tudo isto é experiência para a socialização e por conseguinte para a vida.
Na adolescência o grupo e os amigos representam um porto de abrigo, seguro e alternativo, um espaço de inúmeras trocas afectivas e experiências. Os pares surgem nesta altura como o grupo, com o qual partilham senhas de identidade, no qual poderão ser criadores de cultura onde o seu conflito geracional tem eco, assim como o desejo de autonomia. O reflexo deste processo, mais não é de que a constituição da self, da sua identidade, que não poderá ser descontextualizada da interacção com o grupo.
A adolescência passa por ser a configuração da identidade pessoal a qual não se consegue sem confronto e desequilíbrios com o exterior e consigo próprio.
O “conceito de identidade” elaborado por Erikson pressupõe que a identidade constitui uma diferenciação pessoal inconfundível, a autodefinição da pessoa perante outras pessoas, perante a realidade e os valores, sendo a adolescência o período – chave e também crítico da formação e da identidade.
Ainda segundo Erikson o processo de identidade no período da adolescência pressupõe:
-         A consciência da própria identidade
-         O empenho inconsciente em constituir um estilo, uma forma de ser pessoal
-         O desejo de encontrar uma síntese de equilíbrio entre a esfera do eu e as actuações que deles derivam;
-         A procura da própria definição pessoal mediante uma vinculação social que se apoia no desenvolvimento de um sentimento de solidariedade para com as ideias de um grupo pelo qual se sente de algum modo representado.
A ligação vinculativa na adolescência ( Erikson), é a fase da ideologia, da formação de uma visão do mundo o que pressupõe aceitar a adolescência com um período em que os jovens estão em condições de escolher parceiros amorosos, de começar a captar, confrontar e assumir o sistema social de concepções, crenças, atitudes e valores dos grupos sociais em que vivem, relacionando-se com eles e tomando-os como regras e guias para a sua própria vida.

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