segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O papel da família

Família é contexto natural para crescer
Família é complexidade
Família é teia de laços sanguíneos e sobretudo de laços afectivos
Família gera amor, gera sofrimento
A Família vive-se. Conhece-se. Reconhece-se.

Fui criança e filho e fui pai e fui avô e neto e, a cada dia que passa, lembro-me: um abraço, um beijo, um afago, o sol da manhã, um almoço em família, o vento no rosto, a chuva que molha, um sorriso, uma boa lembrança de ti… família!
            A família é o sistema de base de todas as sociedades, é um fenómeno universal ligado à estrutura biológica do ser humano, é a instituição que lhe permite sobreviver e desenvolver-se.
            A família tem como funções fundamentais; assegurar e promover o desenvolvimento da criança, correspondendo às suas necessidades, nas diferentes fases da sua evolução; tem a função de organizar a dinâmica familiar de forma a constituir um quadro que dê à criança estabilidade afectiva e social, na qual se estruturará a sua personalidade, canalizando e direccionando o seu desenvolvimento até à sua maturação e; como grupo social tem a função de iniciar a criança nos seus papéis sociais essenciais e garantir ao mesmo tempo a transmissão de valores e saberes de geração em geração.
            A criança nasce imatura completamente dependente sendo à família que compete a satisfação das suas necessidades fisiológicas, de afecto e segurança, adoptando as suas respostas às necessidades por ela sentidas.
A família deve organizar-se como matriz, como continuidade no desenvolvimento da criança para que esta possa prosseguir com êxito a caminhada da vida.
O sistema familiar constitui um grupo de um género muito particular, porque tem características que lhe são impostas pelas diferenças sexuais dos seus elementos e papéis que lhe estão destinados. A célula familiar é composta por duas gerações na qual cada elemento tem as suas necessidades, inicialmente cresceram em duas famílias diferentes e fundiram-se numa nova e única célula que também difere da família de origem exigindo maleabilidade da parte de ambos. Os dois sexos são educados para se completarem nas tarefas que desempenham, na sua relação amorosa e na educação dos filhos.
            Normalmente os esposos dependem um do outro, mas os filhos dependem dos pais. É de extrema importância todo o ambiente que envolve a família, a forma como os pais se relacionam entre si e com a criança, como desempenham os seus papéis e os representam, porque é a partir da qualidade afectiva dessa relação que a criança vai organizando e estruturando a sua personalidade. Os pais são os primeiros objectos de afeição e amor por parte dos filhos, assim a sua relação deve constituir uma coligação coerente e bem sucedida pois é com eles que a criança se identifica não só porque são adultos e estão próximos, mas pelos laços que estabelecem e pela forma como se dão.
Hoje a família é considerada um círculo permeável e em constante permuta com o exterior, cujo grau de abertura e fecho lhe permite filtrar a informação de fora para dentro e entre os diversos elementos da família preservando a sua identidade, adoptando modelos centrípetos ou centrífugos, sendo o equilíbrio entre estes dois modelos o melhor para um crescimento harmonioso.
Segundo Meltzer (1986) «as funções básicas de uma família são; gerar o amor, promover a esperança, conter os sentimentos depressivos e organizar o pensamento.»
Contudo, sabemos que hoje existem famílias em que essas funções não são asseguradas. Nem sempre os elementos de um sistema familiar se articulam, interagem e se organizam desempenhando ajustadamente as funções ou papeis que à partida lhe estavam destinados.
Há também famílias que optam por padrões confusos de relações entre pais e filhos, em que os primeiros se demitem das suas funções, contribuindo assim para a não diferenciação das duas gerações e conduzindo a uma ausência de modelos para a criança.
Perante situações como as que acabámos de descrever, encontramos crianças a viver no vazio de um universo de relações, à procura de uma identidade própria, sem vontade de aprender, sem vontade de crescer. Podemos assim concluir que uma criança existe em função da sua família e tudo começa antes do nascimento, depois é alimentar, sustentar o amor que se constrói no primeiro momento, fortalecendo-o em cada marca da sua evolução e ao longo das diferentes etapas do seu desenvolvimento.
            Falando de emoções, Pedro Sreth (1995) diz-nos que «as emoções com os afectos devem ser a base de toda a aprendizagem. É que as coisas são primeiro investidas, só depois intuídas e finalmente percebidas. Aprenderá, quem estiver afectiva e sentimentalmente estimulado».
Crer. Sentir. Perceber. Aceitar. Sonhar… Eu sou o que penso, sou o que sou e… sou família, sou filho, sou irmão e namorado. Eu sou tudo. Eu sou nada mas… ou sou família.


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