quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O Lúdico e a Criatividade

Brincar é o mundo da criança! Mas, tanto quando possível, deve brincar de uma forma livre e natural.
Ao permitir que tudo aconteça naturalmente como quem respira, a criatividade fomenta-se na criança. Não devemos esquecer que quanto mais discreta é a presença do educador, mais desinibida será a actividade da criança.
É a própria criança que descobre o seu modo de agir e de se exprimir, bem como o material e técnica que melhor se adaptam à sua própria expressão. Deve-se também dar uma série de materiais e de espaços, para que a criança desenvolva a sua criatividade. A criatividade desperta-se através do fazer, da experimentação constante.
O adulto, na sua acção de educador terá de ser autêntico perante a criança, tendo esta mais facilidade em aceitá-lo e em compreendê-lo, podendo estabelecer-se uma boa relação afectiva entre os dois. O importante é toda esta relação bilateral, decorrer num clima não directivo, liberto e libertador, que permita que a criança actue, se exprima espontaneamente e criativamente em contacto com os outros. A criatividade apela para uma pedagogia não directiva ou pelo menos flexível e aberta, que permita que seja a criança a descobrir o seu modo de agir e de se exprimir.
A capacidade criadora significa flexibilidade de pensamento e fluidez de ideias, podendo ser também a amplitude de conceber ideias novas.
A arte pode-se considerar um processo contínuo de desenvolvimento da capacidade criadora. Dando várias oportunidades às crianças estas têm a possibilidade de desenvolver o pensamento criador, na experiência artística.
Para que a criatividade se desenvolva é necessário que a criança explore, investigue e descubra. Através da experimentação, a criança exercita as suas faculdades sensoriais através dos diversos materiais, trazendo-lhe não só a alegria da actividade, mas proporcionando-lhe uma visão mais clara do mundo que a rodeia.
Não nos devemos preocupar em motivar as crianças para se comportarem de forma criativa, mas sim proporcionar-lhes caminhos onde a sua curiosidade os levem à exploração.
É sabido que a expressões permitem à criança exteriorizar os seus sentimentos, exprimindo os seus problemas afectivos, que na maioria das vezes não consegue exprimir oralmente, vai assim conhecer e explorar as coisas, descobrindo-as, fazendo com que esta crie e acrescente ao real, coisas da sua imaginação.
A criança é por natureza criadora. Está repleta de impulsos, tensões, de sensações, de sentimentos, desejos, necessitando de se expandir livremente. Ao observarmos uma criança em actividades livres, constatamos que esta é essencialmente expressiva e criadora. Ao possibilitar-se meios para que a criança actue livremente e a motivação remova a situação inibitória inicial, é como se se abrisse a porta para a saída da tudo aquilo que estava acumulado no íntimo do seu ser.
"A expressão criadora é o acto que vem de dentro, desenvolve a personalidade, forma o seu carácter e faz dela um ser sociável.” (STERN 1976)
É o ambiente que proporcionamos à criança que vai favorecer ou desfavorecer a capacidade criadora.
"Sem liberdade não há expressão!"( GONÇALVES 1976) Quantas vezes foi dita esta frase? Muitas! No entanto poucas vezes foi compreendido o seu verdadeiro significado. Quanto mais liberdade, mais responsabilidade e sendo assim aparece-nos a disciplina. Ao falar em disciplina, outras palavras vão surgir: segurança, tranquilidade, liberdade e responsabilidade.
A escola, as AECs, os ATLs sem dar conta, impõem modelos pré-concebidos que acabam por sufocar a potencialidade criadora que cada criança em si contém  e não há nada que substitua o que foi destruído pela pressão do adulto.
O Educador tem um papel fundamental. Se o adulto intervém na criação da criança não há dúvida que a altera, quer ele actue sobre a intenção ou sobre a maneira de executar o seu desenho. Na realidade, há duas atitudes; uma é actividade espontânea da criança, outra a actividade orientada. Na primeira pode o adulto aprender com a criança, a criança com o adulto ou um aprendizagem recíproca, na segunda é essencialmente a criança a aprender com o adulto. Estas duas atitudes, ao serem bem compreendidas e desenvolvidas, possibilitam a liberdade criadora, proporcionando o equilíbrio que nos fala Stern: equilíbrio entre acção livre e acção educativa. Para as crianças a arte, pode constituir o equilíbrio necessário entre o intelecto e as emoções, sendo esta um apoio que procuram naturalmente ainda que de modo inconsciente.
A exteriorização de toda a vida interior é a expressão que, será tanto mais rica, quanto maior as possibilidades de encontrar um meio favorável. Seja qual for a estratégia utilizada: movimento, canções, jogos, pintura ou outras actividades, a expressão "não é um espectáculo para os ouvidos, mas sim uma expressão de sentimentos".( STERN 1976)

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