quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A propósito de notícias alarmantes!

Fico preocupado com notícias alarmantes. Fico porque, normalmente, causam um impacto negativo junto das comunidades. Quando se trata de notícias sobre e com crianças, a minha preocupação é ainda maior. Por vezes fico com a sensação que algumas pessoas gostariam de ver algumas crianças, as ditas mal comportadas, internadas em “prisões para pequeninos”. O alarido não é bom conselheiro nem resolve situações.
Não tenho dúvidas de que o mau trato entre iguais existe nas nossas escolas. Um estudo realizado no nosso País mostrou que, aproximadamente um em cada cinco alunos (22%), entre seis e dezasseis anos, já foi vítima de mau trato pelos seus pares e na escola. Este estudo avaliou, igualmente, que o local mais comum da ocorrência de maus-tratos é o pátio de recreio (78% dos casos), seguido dos corredores (31,5% dos casos) (Almeida, 2003).
Também não há dúvida que estas situações não são brincadeiras ou simples desentendimentos pontuais entre crianças e jovens. Esta problemática tem implicações do ponto de vista da prática educativa, e as suas diferentes manifestações devem preocupar os pais, os professores e os educadores.
No entanto, nem todas estas ocorrências podem ser caracterizadas como mau trato entre iguais. Alguns episódios esporádicos e brincadeiras próprias de cada idade, mesmo com comportamentos por vezes inadequados, não trazem consequências para a auto-estima e fazem parte do desenvolvimento e da socialização da criança e do jovem. Agressividade e violência não são a mesma coisa.
O que importa é estar atento. TODOS.
Mas não peçam “prisões” para as nossas crianças “mal comportadas”. Também as não podemos, pura e simplesmente, “banir” da sociedade. “TODOS DIFERENTES TODOS IGUAIS”, não pode ser um simples anúncio publicitário. O comportamento desadequado de algumas delas (e de muitas outras pessoas na sociedade), têm origens bem conhecidas, e são essas que necessitam de ser “atacadas”. Não as crianças. Estas precisam de ajuda para crescer, para viver e serem felizes.
Importa ter presente que é importante, que o direito ao respeito e à dignidade pela criança e pelo jovem  são valores fundamentais, sendo a educação entendida como um meio de promover o pleno desenvolvimento da pessoa, bem como prepará-la para o exercício pleno da cidadania. Todos queremos e desejamos, que as escolas sejam ambientes seguros e saudáveis, onde crianças e jovens possam desenvolver, ao máximo, as suas potencialidades intelectuais e sociais, não se podendo admitir que sofram actos de violência que lhes tragam danos físicos e/ou psicológicos; que testemunhem tais factos e se calem para que não sejam também agredidos e acabem por achá-los banais ou, pior ainda, que diante da omissão e tolerância dos adultos, adoptem comportamentos agressivos ou, simplesmente, achem que a vida é uma vida de violência e, como tal, não vale a pena viver.
Todos desejamos que os nossos filhos cresçam em ambientes protegidos, motivadores, aliciantes... Mas vamos lutar por isso com serenidade, com bom senso e com respeito por todos. É que o “dedo acusador” nunca deu bom resultado.

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