sexta-feira, 18 de março de 2011

O álcool – “lobo com pele de carneiro”

Zago(1996) disse-nos que o álcool é uma droga psicoactiva chamando-lhe “lobo com pele de carneiro”.
As bebidas alcoólicas prejudicam, gravemente, a vida das pessoas e, principalmente, dos nossos jovens. Sabendo isso, a Organização Mundial da Saúde considera o alcoolismo uma doença de carácter triplo, pois afecta a mente, o físico e o social. Esta mesma Organização definiu, como meta até ao ano de 2015, diminuir o consumo de álcool a 6 litros perca pita por ano para a população de 15 ou mais anos, e reduzir o consumo de álcool na população de 15 ou menos anos até ao limiar de 0%. Portugal, consciente desta realidade, publicou a Resolução de Conselho de Ministro nº 116/2000 de 29 de Novembro e aprovou o Plano de Acção contra o Alcoolismo em 24 Janeiro de 2002 com a publicação do D.Lei nº 9/2002, sendo proibida a venda de bebidas alcoólicas a crianças com menos de 16 anos.
 Não obstante continua-se a subestimar o seu consumo, e até se considera, por vezes, que é uma fonte integrante de uma vida “normal”, estando presente, praticamente em todos os ambientes e situações: aparece nos finais de semana, como momento de lazer, associa-se a desportos, viagens, trabalho (almoços de “negócios”, regados com doses de whisky, cerveja e outros).
Desde muito cedo os jovens aprendem que beber uma cerveja com os amigos é um acto social válido. Hoje em dia o álcool é sinónimo de noite, emancipação, diversão…Segundo um estudo da DECO mais de metade dos jovens, entre os 12 e 15 anos, conseguiu comprar bebidas alcoólicas e, portanto, ingeriu este tipo de bebidas.
Estando os jovens num processo de desenvolvimento biopsicossocial o consumo de álcool afecta-os, profundamente, havendo repercussões para toda a vida.
É sabido que a o álcool diminui a actividade cerebral afectando a capacidade de coordenação dos movimentos corporais, prejudica os reflexos e o sono, a noção de certo ou errado, a memória, a aprendizagem e o rendimento escolar, a motivação, o autocontrole, provoca efeitos similares aos da depressão como torpor, tonturas, distúrbios, enjoo, vómitos, fala incompreensível, reflexos comprometidos e ressaca. Atinge, além disso, outros órgãos do corpo, como o coração, a corrente sanguínea, o fígado, em suma, afecta e altera as capacidades psíquicas, e, quanto mais precoce é o consumo, maior é o número de problemas. Isso é grave, pois sabemos que quanto mais cedo o jovem começa a beber, mais vulnerável ele fica, também, ao consumo de outros tipos de drogas.
Mas há mais: a ingestão de bebidas alcoólicas é o factor que mais coopera para a sucessão de acidentes, violência doméstica, abusos e negligência infantil, “brigas” entre familiares e até mortes. Tem relação com vários problemas e patologias agudas e crónicas de aspecto físico, psicológico e social, sendo considerado um importante problema de saúde pública. O número de indivíduos que adquire cancro entre os que ingerem bebidas alcoólicas é assustador, pelo facto da acção tópica do álcool em conjunto com os aditivos usados nos processos de fabricação das bebidas serem altamente cancerígenos. Além do mais, no que diz respeito mais uma vez aos jovens, a ingestão de álcool está directamente relacionado com doenças sexualmente transmissíveis, consumo de outras drogas, abuso sexual e conduta violenta entre iguais.
Parece que as acções preventivas, não têm sortido efeito ou, então, não têm sido suficientes para diminuir os factores de risco. É necessário promover os factores protectores, com acções positivas, tais como: oferecer oportunidades de auto-realização para os jovens; incentivar os desafios e conquistas (auto-estima); auxiliá-los a lidar com frustrações, raiva, ou seja, com as emoções; incentivar e promover vínculos com pessoas que não usam drogas; criar ambientes com regras claras e não tolerantes ao uso de drogas; estimular programas de prevenção nas escolas, tendo por base a prevenção em conjunto com um trabalho e orientação junto dos pais; auxiliar no desenvolvimento de habilidades sociais e na relação com o sexo oposto; incentivar a consciência de cidadania e responsabilidade na comunidade.
Há que promover oportunidades para auto-realização do jovem e de seu pleno desenvolvimento, procurando-se a promoção de uma saúde global. Em Santarém, estes são alguns dos objectivos do projecto “Sorrir à Vida” no âmbito do Programa “PORI” desenvolvido por uma vasta parceria e com o apoio do IDT.

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