segunda-feira, 14 de março de 2011

Educar para a cidadania e coesão

A questão fundamental do sistema democrático é de sabermos se queremos e podemos participar na vida em comunidade, se queremos e somos capazes de viver no seio das nossas comunidades naturais de pertença, pensando e construindo um destino comunitário comum onde a educação tem como obrigação, "fazer com que todos, sem excepção, façam frutificar os seus talentos e potencialidades criativas, o que implica, por parte de cada um, a capacidade de se responsabilizar pela realização do seu projecto pessoal".(Delors, 1997). Isto quer, claramente, dizer que a escola deve possibilitar que entre os membros de uma determinada comunidade, se criem vínculos sociais, os quais devem ter por base valores comuns, conducentes ao desenvolvimento do Homem na sua dimensão social, sendo a educação o principal meio de transmissão de culturas e de valores, contribuindo para um espaço de socialização e construção de projectos comuns, respeitando a diversidade dos indivíduos e dos diversos grupos, dotando-os de capacidades para construir o seu próprio desenvolvimento e ao mesmo tempo capazes de construir o progresso social, assente numa participação responsável e coesa.
A participação dos cidadãos na resolução dos problemas comuns, insere-se num dos aspectos fundamentais da educação ao longo da vida, já que se aprende a entender os vários aspectos comunitários, nomeadamente económicos, sociais e culturais, bem como a conceber estratégias de organização, vivenciando aspectos institucionais e interculturais, ao mesmo tempo que se caminha, para um melhor entendimento das intervenções políticas aos diversos níveis, que se traduzem na autonomia e na descentralização dos poderes centrais.
          O processo de conquista de autonomia por parte das populações, passa pela tomada de consciência das relações com o meio e da complexidade dos problemas tanto a nível local, com ao nível regional e nacional. Esta conquista de autonomia, como processo interactivo que é, necessita de ser, apoiado, incentivado e acompanhado, partindo dos recursos e das capacidades locais, os quais terão que ser, forçosamente, dinamizados por uma acção descentralizada, assente nas dinâmicas socioculturais e económicas, na noção da auto-organização, que pressupõe que as colectividades locais tomem consciência de si próprias, (das suas potencialidades e dos seus limites) e das relações com o meio em que se inserem, exercendo uma acção de transformação no espaço local.
          O desenvolvimento, para que possa existir, necessita de possuir um sentido centrado num “sentir” colectivo e nos “alentos” de uma região, os quais deverão ser utilizados de uma maneira adequada, de forma a permitir a sua plena participação no processo de desenvolvimento local. Isto só se torna possível pela intensificação de acções a favor da educação, da formação profissional, da melhoria da gestão dos recursos humanos, pela facilitação da consciencialização entre as responsabilidades familiares e profissionais, pelo desenvolvimento de acções de sensibilização e de informação, pela realização de medidas destinadas a promover a participação das comunidades locais, no processo de decisão, na vida económica, cultural e social.
          Tendo por base o que entendemos por desenvolvimento local, diremos que ele possui certas dinâmicas que se projectam, actores sociais que as promovem sob lideranças que os incentivam, mobilizando as populações para sentimentos de pertença que, na perspectiva de Hirshman  (1958),  citado por Azevedo (1994), leva a que  "o desenvolvimento dependa não tanto da combinação óptima de certos recursos e factores de produção como de fazer aflorar e mobilizar recursos e capacidades escondidos, dispersos ou mal utilizados".
          A acção da escola no processo de desenvolvimento local pode contribuir decididamente para a coesão social e cultural, tanto a nível local, como entre regiões e garantir o equilíbrio entre elas, pelo surgimento das chamadas economia plural e sociedade activa, onde o desenvolvimento económico não seja exclusivamente mercantilista e produtivista.

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