domingo, 28 de julho de 2019

Menos nós, mais laços


Porque a prevenção requer uma intervenção integrada no plano territorial local, sendo necessário agir junto e em conjunto com todos, principalmente junto da família.

São inúmeras as crianças e jovens com comportamentos e atitudes menos próprias. São, sobretudo, crianças aflitas. Muitas vezes preocupamo-nos com os comportamentos agressivos, mas não nos preocupados em reparar o que ficou para trás. Estas crianças e jovens não tiveram, provavelmente, pais a contar-lhes histórias quando adormeciam, não tiveram  abraços quando estavam tristes, não conheceram a linguagem dos afetos, o “caldo” do amor. Os comportamentos delinquentes são sintoma do sofrimento psíquico. Se se não reparam os “males” que ficaram para trás, não conseguiremos caminhar no sentido da harmonia e da satisfação pessoal. Para tal torna-se necessário termos equipas, do ponto de vista quantitativo e qualitativo, adequadas e com técnicos capazes de contribuírem para transformar as dinâmicas destas crianças e jovens.

Infelizmente os modelos de intervenção, na sociedade e na escola, são muitas modelos quase sempre punitivos o que gera, na maioria das vezes, uma rejeição, um passo em frente para os comportamentos desviantes, já que a punição não gera aprendizagem.

Por outro lado, continuamos a caminhar atrás dos problemas sem muitas vezes, sermos capazes de imprimir estratégias de mudança. Se a realidade se tornou mais complexa, também nós temos que nos adaptar a essa realidade e imprimir essa dinâmica de mudança, a qual deve ir ao encontro, não dos sintomas, mas dos problemas e no sentido de impedir que se repitam os ciclos de exclusão.

Todos sabemos que a escola é um lugar privilegiado para refletir sobre as questões que envolvem crianças e jovens, pais e filhos, educadores e educandos, bem como as relações que se dão na sociedade. É também no universo escolar onde a socialização, a promoção da cidadania, a formação de atitudes, opiniões e o desenvolvimento pessoal, podem ser incrementados ou prejudicados.

Neste sentido, cabe à instituição escolar refletir e discutir temas que afligem a humanidade no seu dia a dia, dos quais se destacam a violência, as suas formas de prevenção e as possíveis repercussões no desenvolvimento da criança e do jovem. 

Também aqui, a existência de equipas multidisciplinares (previstas no artº. 35º do Estatuto do Aluno e da Ética Escolar), às quais lhe competirá, entre outros, “propor o estabelecimento de parcerias com órgãos e instituições, públicas ou privadas, da comunidade local designadamente com o tecido socioeconómico e empresarial, com a rede social, de modo a participarem nas propostas, ou execução, das diferentes medidas de integração escolar, social ou profissional dos jovens em risco”, têm que ser, urgentemente, uma realidade nos nossos Agrupamentos de Escolas.

Ao nível da saúde os Núcleos de Apoio a Crianças e Jovens em Risco tanto ao nível hospitalar como ao nível dos agrupamentos de centros de saúde, são hoje uma referência institucional no que diz respeito aos maus tratos em crianças e jovens, tanto na prevenção junto das populações, como na consultoria realizada junto de outros profissionais, na condução de casos e na interlocução com outras entidades de primeira linha com competência em matéria de infância e juventude.


Ao nível da intervenção social, são inúmeros os projectos que têm vindo a ser desenvolvidos a nível local, em parceria, numa intervenção organizada e virada para o apoio familiar, através da promoção do exercício de uma parentalidade positiva; avaliando dinâmicas de risco e proteção das famílias e as possibilidades de mudança; promovendo competências parentais, pessoais e sociais que permitam a melhoria do desempenho da função parental; atenuando influências de fatores de risco nas famílias, prevenindo situações de separação das crianças e jovens do seu meio natural de vida; entre outros.

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