quinta-feira, 25 de julho de 2019

Os conflitos familiares e a parentalidade positiva


As nossas famílias, por elas e pelas suas crianças, precisam de se entender porque… precisam de ser felizes!

A parentalidade, como é sabido, refere-se ao exercício do papel de mãe/pai e envolve tudo aquilo que os pais fazem, pensam, sentem na interação com os filhos, ou seja, e no que diz respeito ao funcionamento humano, a envolvência nas dimensões da ação, cognição, emoção, através dos comportamentos, ideias e afetos parentais.
Assim sendo a parentalidade deve ser encarada numa dimensão dinâmica nas relações pais/filhos, transversal a toda e qualquer forma de família.
A parentalidade constrói-se tendo por base aspetos complexos que são coletivos, pertencem à sociedade, mudam com os tempos, são históricos, judiciais, sociais e culturais. No entanto também são íntimos, privados, conscientes ou inconscientes, pertencem a cada um dos pais, mas também pertencem aos dois enquanto “casal”, à própria história familiar de cada um desses pais. Há ainda todo um conjunto de fatores que pertencem à própria criança, ela que transforma os seus genitores em pais sendo, digamos, parceira na construção da parentalidade.
A parentalidade positiva define-se como um “comportamento parental baseado no melhor interesse da criança e que assegura a satisfação das principais necessidades das crianças e a sua capacitação, sem violência, proporcionando-lhe o reconhecimento e a orientação necessários, o que implica a fixação de limites ao seu comportamento, para possibilitar o seu pleno desenvolvimento”.(Recomendação do Conselho da Europa, Lisboa 2006)
Pensamos que importa trabalharmos num apoio à parentalidade positiva (capacitar os pais; comportamento, desenvolvimento e estimulação da criança; interação pais/criança; segurança, saúde e educação; disciplina familiar…) e, entre outras, com vista a uma parentalidade consciente (do elogio e reconhecimento; o poder da linguagem pessoal; as consequências das atitudes parentais; a criança e a liberdade…).
Sampaio (2011) refere que os programas de educação parental devem ser para todas as famílias pois têm um caracter preventivo. “Apesar do reconhecimento da importância das relações familiares e da qualidade de vida das famílias no bem-estar psicológico, físico, social e económico das crianças, muitos pais recebem pouca preparação para a parentalidade, para além das suas próprias experiências enquanto filhos(Sampaio, 2011). O objetivo dos programas de educação parental é o de colmatar esta falha, proporcionando um processo organizado de educação, formação e treino parental, com a finalidade de potenciar aos pais, o desenvolvimento das suas competências parentais (Sampaio, 2011). Os esforços da formação parental podem centralizar-se nas competências para fomentar a interação pais-filhos e práticas disciplinares adequadas. A formação para pais pode ajudar a resolver problemas de comportamento da criança, isto é, os programas de educação parental não têm como objetivo único a alteração na conduta dos pais, pois esta ajuda não é necessariamente para famílias com comportamentos desadequados, alarga-se a qualquer família. 
Em tarde chuvosa e escura da vida, da vida de famílias desavindas, aflitas, perdidas… penso, relembrando Augusto Gil:
               “Que quem já é pecador
                sofra tormentos, enfim!
                Mas as crianças, Senhor,
                porque lhes dais tanta dor?!...
                Porque padecem assim?!...”
Tenho para mim e com base no que tenho aprendido, que para a criança e jovem se desenvolvam harmoniosamente, precisam de um ambiente afectivamente equilibrado, onde recebam amor autêntico e onde se lhes permita satisfazer as necessidades próprias da infância e da adolescência, como por exemplo: ambientes saudáveis e acolhedores, bons vínculos parentais, condições básicas em termos de habitação, saúde, alimentação, educação e lazer, estímulo constante da auto-estima, e em que sejam aceites como pessoas importantes, com demonstrações de afecto, com respeito, em que a educação transmita os valores e os princípios da cidadania plena.


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