terça-feira, 5 de abril de 2011

Chega de violência doméstica

Confesso, aqui neste blogue, que me encontro extremamente preocupado com a situação vivenciada por, direi, milhares e milhares de criança que, neste meu país à “beira mar plantado” são vítimas de violência doméstica.
Venho assistindo, diariamente, a um crescendo sem fim, de crianças vitimizadas nas lutas e nas guerras, nas discórdias entre os seus pais. Mães batidas, violentadas, traumatizadas; pais a quem foi retirada a possibilidade de o serem; crianças a sofrer, a chorar por fora e por dentro, agredindo, fugindo…
Dir-se-á, em jeito de compensação, que a violência doméstica é um fenómeno cada vez mais comum nas nossas sociedades. Seja. Mas há “fenómenos” que têm que ser banidos, expulsos dessas mesmas sociedades, sob pena destas se transformarem em sociedades sem valores, sem princípios e sem espaço para se viver feliz.
Existe, na violência doméstica, outras vítimas, tão mal tratadas quanto as agredidas, que muitas vezes são esquecidas no drama da violência doméstica: as crianças. É impressionante o facto de os pais não perceberem isto. Muitas vezes, “juram a pés juntos”, que fazem tudo pelos seus filhos; juram que os amam; juram que não lhes querem causar nenhum dano, chegam a verter lágrimas (de crocodilo com certeza) … mas causam.
Causam e muito. Ao testemunharem a violência entre os seus pais as crianças são agredidas sob o ponto de vista de abuso psicológico, uma vez que a criança vai viver num clima de medo constante, sendo o seu mundo marcadamente confuso, assustador e inseguro. Há quem diga, em jeito de desculpa, que são muito “pequeninas” e não entendem, ou que são já “grandes” e compreendem. (Estes são os mesmos das “lágrimas de crocodilo”).
Todos os estudos realizados, por especialistas no desenvolvimento da criança, são unânimes em reconhecer de que, testemunhar a violência de um pai sobre o outro, mesmo que violência psicológica, produz efeitos tão negativos à criança como se fosse ela o alvo directo dessa violência.
Esta “guerra” (com aspas? vou tirar as aspas), esta guerra, porque para a criança trata-se de uma guerra, causa-lhe sérios problemas em termos emocionais, cognitivos e comportamentais.
Vejamos: em termos emocionais estas crianças manifestam reacções de medo, agressividade, culpa, ansiedade, insegurança e confusão. Por outro lado existe uma ambivalência de sentimentos em relação ao agressor e à vítima.
Quanto ao desenvolvimento cognitivo, estas crianças apresentam uma menor capacidade de resolução de problemas, baixos níveis de realização escolar e a interiorização da violência como forma legítima de obter poder e controlo sobre os outros.
No que diz respeito ao comportamento, apresentam mais problemas no cumprimento das regras, dificuldades de relacionamento interpessoal e podem manifestar comportamentos mais agressivos perante os pares ou adultos.
Infelizmente ainda há quem pense e acredite (erradamente é claro), que as crianças apagarão da memória a violência se se não falar muito sobre ela e menosprezam este tipo de violência face às crianças.
A violência doméstica é um fenómeno complexo e as suas causas são múltiplas e de difícil definição. No entanto as suas consequências são devastadoras para as crianças e jovens. Ao contrário do que se possa pensar, as desigualdades sociais não são factores determinantes da violência doméstica, pois esta encontra-se, democraticamente, dividida em todas as classes sociais.
Pais: as situações de violência doméstica e do não entendimentos, a quando da separação e do divórcio quanto às relações parentais, causam graves problemas na vida dos filhos. Em nome dos vossos filhos vos peço: parem de com este mau trato perante aqueles que dizem amar!

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