quinta-feira, 26 de maio de 2011

Exemplo e Valores

Nos dias de hoje, em que a discussão e o debate está centrado em torno de ideias e fundamentos de ordem política, importa reflectimos acerca de se saber se a sociedade em que vivemos quer, efectivamente, envolver-se na enorme tarefa de auxiliarmos as nossas crianças a adquirirem os valores inerentes a uma vida cidadã, activa, responsável e tolerante...
Antes de mais importa que cada um clarifique, para si e em si, os seus próprios valores, pois só assim os poderá transmitir. É importante percebermos que valores humanos universais são necessários ser sentidos para poderem ser transmitidos de forma a formar cidadãos éticos e preparados para viver em sociedade.
Na família, na escola, na sociedade é cada vez mais frequente a indisciplina, a rebeldia, o envolvimento com o álcool  e drogas, a violência entre iguais...
É importante que nos interroguemos sobre que valores estamos a transmitir às nossas crianças.
Jean Piaget, biólogo suíço, afirmou que valores são "investimentos afectivos, ligados às emoções. Por outro lado, sabe-se hoje que o ambiente moral em casa e na família, tem uma enorme importância na formação e educação da criança; infelizmente muitas famílias hesitam (ou desistem mesmo) em transmitir valores pensando que estão a ser moralistas ou autoritárias.
É evidente que os valores não necessitam de ser os mesmos em todas as famílias. O importante é a sua clareza; o importante é que as crianças sintam e respeitem os outros, tal qual são e para com eles aprendam a ser solidários.
Nos tempos que correm as pessoas estão alarmadas com o que se estará a passar com os nossos adolescentes.
         Importa, antes de mais, entender que na adolescência a palavra principal não é "formação", mas sim "transformação". É preciso perceber-se que  os adolescentes colocam os seus valores em dúvida, testando-os, o que é extremamente importante para o seu amadurecimento (se os valores transmitidos e interiorizados na infância não tenham sido os mais adequados, os mesmos virão a reflectir-se na forma como a adolescência virá a ser vivenciada).
          Deixo aqui algo que tento (tento digo bem) todos os dias fazer: dar o exemplo. Para além de termos que conhecer os nossos valores, precisamos de praticá-los no nosso dia a dia, tanto nas pequenas como nas grandes atitudes.
          Educar para os valores não é mais nem menos, que convidar alguém a acreditar naquilo que acreditamos.
          
     

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Vida e Educação

Uma das questões fundamentais do sistema democrático é sabermos se queremos  e podemos participar na vida em comunidade; se queremos e somos capazes de viver no seio das nossas comunidades naturais de pertença, pensando e construindo um destino comunitário comum, onde a educação tem como objectivo “...fazer com que todos, sem excepção, façam frutificar os seus talentos e potencialidades criativas, o que implica, por parte de cada um, a capacidade de se responsabilizar pela realização do seu projecto pessoal”.(Delors, 1997)
A educação constitui o principal meio de transmissão de culturas e de valores, contribuindo para um espaço de socialização e construção de projectos comuns, respeitando a diversidade dos indivíduos e dos diversos grupos, dotando-os de capacidades para construir o seu próprio desenvolvimento e capazes de erguer o progresso social, assente numa participação responsável e coesa, garantindo os instrumentos para uma inserção participativa e transformadora na sociedade, o que significa o domínio da leitura, da escrita mas também das artes, o acesso de forma crítica ao conhecimento elaborado, a vivência de formas de participação e a construção de valores.
Educar é trazer para a vida da criança o jogo existencial pelo qual a humanidade se faz humanidade, é possibilitar o aparecimento e a incorporação de símbolos humanos, sendo o objectivo fundamental da Escola a humanização e o seu objecto a cultura — compreendida enquanto a procura de um modo de existir.
 A Escola deve formar os indivíduos para que apreendam o movimento criador da cultura, para que sejam os criadores do novo e os heróis da transformação, mas tendo em atenção que um dos aspectos fundamentais da vida é o seu carácter lúdico, que se expressa pela espontaneidade: por mais que tentemos forçar a vida para um rumo “certo”, por mais que tentemos direccioná-la para um futuro pré-estabelecido, ela cria sempre os seus próprios caminhos, constrói os seus próprios atalhos e subverte os projectos programados. E é o lúdico que fornece à vida essa capacidade criadora. É o lúdico que abre as portas para o sonho, para a magia e para a utopia. A criatividade deve entrar na Escola através da brincadeira, do brinquedo e do jogo, onde imperam a imaginação e a magia.
A utopia está não só na Escola, mas onde quer que exista um ser humano. Afinal, vivemos não pela certeza de que vamos morrer mas sim pela certeza de que estamos vivos e de que, vivos podemos criar, transformar, plantar árvores, soprar bolhas de sabão pelo céu.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Ética e Cidadania


Tendo por base que o conceito de ética se traduz num conjunto de valores morais e de princípios que norteiam a conduta humana na sociedade, os quais contribuem para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social; que cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar activamente na vida em comunidade, e; que quem não tem cidadania se encontra marginalizado ou excluído da vida social, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social, importa promover uma educação para a ética e cidadania.
A escola é um espaço de vivência no qual as crianças e jovens podem discutir, trabalhar e entender os valores éticos e morais que fazem parte de toda e qualquer acção de cidadania. Na escola a criança e o jovem deverão entender o sentido do que é conviver com democracia e ética, sendo os seus educadores e professores as figuras modelo a serem seguidos.
Tendo em consideração as afirmações anteriores, importa desenvolver nas escolas projectos capazes de fortalecer o protagonismo das crianças e jovens na construção de valores, de conhecimentos pessoais, sociais e políticos, tendo em vista a cidadania e; contribuir para a formação dos profissionais de educação, a fim de que possam actuar com a intencionalidade necessária à construção de uma sociedade mais justa, solidária e feliz.
Para tal pensamos que esses projectos deverão ter como objectivos gerais os seguintes:
·         Motivar a comunidade escolar a actuar tendo por base os princípios do respeito, da solidariedade, da responsabilidade, da justiça e do diálogo nas diversas situações da sua acção;
·         Construir um Fórum Escolar sobre Ética e Cidadania em Agrupamentos de Escolas;
·         Promover o intercâmbio de experiências entre escolas;
·         Elaborar e disseminar recursos didácticos e materiais pedagógicos conducentes à promoção de valores na escola e na comunidade;
Mais especificamente pensamos que tais projectos deverão:
·         Levar ao quotidiano das escolas a reflexão sobre os valores éticos e sobre os seus fundamentos;
  • Motivar para a reflexão e realização de acções sobre o significado e importância da ética no desenvolvimento humano e nas suas relações com a comunidade em que vivem;
  • Fomentar a construção de relações interpessoais com sentido democrático tanto na escola como na comunidade;
  • Desenvolver o tema dos direitos humanos visando a construção de valores socialmente desejáveis;
  • Promover e desenvolver experiências educativas tendo por base na Declaração Universal dos Direitos do Homem, bem como a Convenção dos Direitos da Criança;
·         Entender a escola e a comunidade como espaços inclusivos, abertos às diferenças e à igualdade de oportunidades;

“Assim como o médico existe para prevenir e curar doenças e a sua felicidade é a recuperação do seu paciente, o professor deveria pensar que a sua missão é a de ensinar a quem não sabe, ajudar a amadurecer os imaturos e que sua felicidade está em ver o progresso gradual de todos eles, caso contrário, não haveria necessidade de escola, professores e sistema educativo." (Hamilton Werneck)