quarta-feira, 4 de maio de 2011

Vida e Educação

Uma das questões fundamentais do sistema democrático é sabermos se queremos  e podemos participar na vida em comunidade; se queremos e somos capazes de viver no seio das nossas comunidades naturais de pertença, pensando e construindo um destino comunitário comum, onde a educação tem como objectivo “...fazer com que todos, sem excepção, façam frutificar os seus talentos e potencialidades criativas, o que implica, por parte de cada um, a capacidade de se responsabilizar pela realização do seu projecto pessoal”.(Delors, 1997)
A educação constitui o principal meio de transmissão de culturas e de valores, contribuindo para um espaço de socialização e construção de projectos comuns, respeitando a diversidade dos indivíduos e dos diversos grupos, dotando-os de capacidades para construir o seu próprio desenvolvimento e capazes de erguer o progresso social, assente numa participação responsável e coesa, garantindo os instrumentos para uma inserção participativa e transformadora na sociedade, o que significa o domínio da leitura, da escrita mas também das artes, o acesso de forma crítica ao conhecimento elaborado, a vivência de formas de participação e a construção de valores.
Educar é trazer para a vida da criança o jogo existencial pelo qual a humanidade se faz humanidade, é possibilitar o aparecimento e a incorporação de símbolos humanos, sendo o objectivo fundamental da Escola a humanização e o seu objecto a cultura — compreendida enquanto a procura de um modo de existir.
 A Escola deve formar os indivíduos para que apreendam o movimento criador da cultura, para que sejam os criadores do novo e os heróis da transformação, mas tendo em atenção que um dos aspectos fundamentais da vida é o seu carácter lúdico, que se expressa pela espontaneidade: por mais que tentemos forçar a vida para um rumo “certo”, por mais que tentemos direccioná-la para um futuro pré-estabelecido, ela cria sempre os seus próprios caminhos, constrói os seus próprios atalhos e subverte os projectos programados. E é o lúdico que fornece à vida essa capacidade criadora. É o lúdico que abre as portas para o sonho, para a magia e para a utopia. A criatividade deve entrar na Escola através da brincadeira, do brinquedo e do jogo, onde imperam a imaginação e a magia.
A utopia está não só na Escola, mas onde quer que exista um ser humano. Afinal, vivemos não pela certeza de que vamos morrer mas sim pela certeza de que estamos vivos e de que, vivos podemos criar, transformar, plantar árvores, soprar bolhas de sabão pelo céu.

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